Você às vezes diz sim quando tem vontade de dizer não? É com esta pergunta que a psicoterapeuta norte-americana Terri Cole começa seu livro "Seja Dona dos Seus Limites", lançamento da editora Sextante. Não é de se estranhar que a pergunta inicial faça mais sentido às mulheres. Segundo a autora, são elas que se sentem compelidas a serem perfeitas em todos os aspectos da vida, impulsionadas pela crença de que seu valor está em conseguir lidar com tudo sozinhas, e que pedir ajuda é praticamente um tabu. Apesar de observar logo no início que o livro foi escrito tendo em mente mulheres cisgênero, para ela, qualquer pessoa pode se beneficiar das estratégias e do conteúdo. "Afinal, problemas com limites estão presentes em todas as expressões de gênero.
Por meio de relatos —inclusive sua própria história de abuso de álcool e de como ficar sóbria ajudou-a a compreender o conceito de limites internos saudáveis— e muitos questionamentos, que estimulam a reflexão sobre sentimentos e sobre abdicar das suas vontades e necessidades, a autora apresenta o conceito de codependência de alto rendimento, ela usa a sigla CAR, padrão comportamental que constatou em seu trabalho ao longo de mais de 20 anos. Ser codependente significa estar emocionalmente envolvida nos resultados, decisões e relacionamentos das pessoas em sua vida em detrimento da sua própria paz interior.
Exemplificando, é preocupar-se com o filho adulto ou para que o parceiro não faça uma escolha errada na carreira e, assim, deixa-se de se concentrar em suas próprias questões.
Terri explica que, para estabelecer limites, é preciso entender como você se sente. "Isto será o GPS", ela afirma. No entanto, ela diz que sente que muitos estão no piloto automático e apenas vão, principalmente, onde não se quer causar problemas ou se meter em encrenca. Organizando o porão: a mente inconsciente
Para entender como cada perfil se estabelece, a autora volta à infância e à educação, orientando a limpar o porão, como ela denomina a mente inconsciente, que abriga crenças e experiências passadas e armazenadas ao longo da vida. Em meio aos casos que ilustram inúmeras situações, Terri descreve três perfis principais da codependência: Sra. Resolve Tudo: se caracteriza pela compulsão por resolver as dores alheias e se afastar de lidar com as próprias experiências emocionais. Trabalho invisível e não remunerado: no qual há um esforço invisível e pouco reconhecido, mas que esgota, por exemplo, assumir a tarefa de atribuir a parte de cada um na conta no jantar, mesmo que os amigos possam fazer esse cálculo simples. Perfeccionismo: remete às experiências da infância, de crescer em um ambiente imprevisível, autoritário ou caótico. O pensamento mágico da criança é que, se for perfeita o suficiente, ela pode impedir que coisas ruins aconteçam, evitar críticas, rejeição ou coisa pior. A maioria de nós foi criada e elogiada para ser codependente. Quanto mais autossacrifício, melhor. Crescemos para ser boas meninas e isso não nos ensina a compartilhar nossos limites ou nossas preferências ou nossos pontos de ruptura com outras pessoas.
Terri Cole em entrevista a VivaBem Segundo ela, as mulheres costumam falar sim para evitar conflitos ou para ser gentil, mas a verdade é que todos temos preferências, desejos e vontades
Assim, os limites são as próprias regras para que os outros saibam o que é aceitável para você e o que não é, a fim de ter relacionamentos saudáveis e para que as demais a conheçam de fato.
Falar sobre quem se é, sobre gostos e vontades é uma obrigação, nas palavras da autora. "Se não fizermos, o que acaba acontecendo, ficamos com raiva e nos tornarmos ressentidos e amargos. Os 3Rs: reconhecer, repelir e responder
Na prática apresentada pela psicoterapeuta, são 5 pilares para a transformação. O primeiro é a autoconsciência, pois, em suas palavras, não se pode mudar nada se não estiver ciente. Entre as técnicas propostas está a dos 3Rs que propõe: Reconhecer o que não está funcionando a partir da análise das situações, sensações corporais e emoções. Enquanto repelir estimula a sair da zona de conforto Para então responder de forma consciente, compreendendo a importância de estabelecer novos limites.
Ao longo da leitura, é possível aprender estratégias para se proteger de relacionamentos tóxicos, e lidar com manipuladores e destruidores de limites
Além disso, ensina a conhecer as noções e níveis de limites —incluindo os internos que mostram como cada um se relaciona consigo mesmo e com o mundo—quais são aceitáveis ou não, leva a estabelecer um mapa que proporciona clareza para confrontar medos, sentimentos e situações
Resumos e direcionamentos, como lembretes, que colaboram com o entendimento e incentivam a prática encontram-se ao fim de cada capítulo a fim de revisar os conceitos expostos, propor autoavaliações e maneiras de aplicar o conhecimento.
Meditar é outro recurso sugerido, assim como criar um recanto zen, que pode ser um espaço ao lado da mesa de cabeceira, decorado com elementos que passem uma sensação de calma, para refletir, escrever ou fazer exercícios de respiração, com a proposta de autoconhecimento.
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